A Praga – Armadilhas – Capítulo 1

São Paulo, 02 de abril de 2022
O fim da novela mexicana está bem perto, eu sinto, tenho certeza. Foram cinco anos numa montanha-russa emocional que parecia não ter fim. Ao mesmo tempo, era um labirinto no escuro, onde por diversas vezes dei com a cara na parede. Sofri, doeu demais, mas nunca, NUNCA, pensei em desistir. Eu tinha certeza que existe AMOR do lado de lá, tão grande e avassalador como o que existe do lado de cá. A pergunta que martelava na minha cabeça esse tempo todo era: Por que nega? Atrás dessa vinham outras: Por que foge? Por que me acusa de stalker, perseguidor? Por que todos em volta só acreditam na versão que espalhou? Por que esses mesmos tomam atitudes e dizem coisas que me deixam refém da memória desse AMOR.
Depois dos cinco anos de morde e assopra emocional, fui conduzido ao Mar da Tranquilidade há três meses. Me sinto na ante-sala do Paraíso. Aqui estou e aqui espero a LIBERTAÇÃO de quem AMO. Há tempos, queria escrever sobre isso. Mas a montanha-russa calou meu ânimo. Fui covarde e fugi do trabalho que deveria fazer. Resolvi começar exatamente hoje porque cheguei a uma conclusão óbvia. Deveria ter começado a escrever nos piores momentos, quando a dor mais doia, quando tudo era desesperança. Se tivesse feito isso, as palavras trariam mais verdade, trariam mais sentimento. Mas, enfim, o passado passou. Resta o presente e vou fazer uso dele.
A cada dia a LIBERTAÇÃO está mais perto, mas ainda carrego em mim a lembrança da dor como navalhadas na carne. No entanto, as cicatrizes só serão eternas até a FELICIDADE aparecer. Começando a escrever agora, minhas palavras ainda trarão a verdade do que vivi e passei nos cinco anos do teatro de marionetes e fantoches. Sim, isso mesmo, tal qual o filme americano O Show de Truman (The Truman Show), eu era a única pessoa real na novela mexicana. Os demais eram fantoches e marionetes, conduzidos por um(a) sádico(a) e doentio(a) Flautista de Hamelin. Era um rebanho, devidamente marcado e usando cabresto e cangalha. E todo rebanho no pasto se alimenta onde caga. Daí, nunca sai boa coisa.
Eu já amei, queria ter filhos. Sei o que é o AMOR. Nunca imaginei ser possivel sentir o que eu sinto. É difícil traduzir em palavras, por isso vai aqui um exemplo. Sabe o que é ALUMBRAMENTO? Não sabe? Normal, pesquisa aí, eu espero……… Entendeu? Eu tinha ALUMBRAMENTOS quando gozava com meu amor. Não que fosse um arraso no sexo. Não, o AMOR fazia toda a diferença e eu delirava. Me sentia parte de tudo, da cama, do quarto, das paredes. Me sentia, naquele instante do gozo, como se estive integrado a tudo, como se eu fosse tudo. E me sentia no INFINITO. Já fiquei com pessoas lindas, gostosas e atletas sexuais. Mas nunca, NUNCA, senti o que sentia quando transava com meu AMOR.
O início da novela mexicana é tão besta, bobo. Comecei num novo emprego e vi a figura num treinamento. Achei o conjunto da obra muito interessante, mas quando abriu a boca, senti que faltava tempero, faltava sabor. Era sem sal. Eu estava cego, ou queria estar cego. Nunca me envolvi com pessoas no local de trabalho. O tempo me daria uma paulada na cabeça, um soco no estômago e abriria um precipício no meu CORAÇÃO. Passado o treinamento, calhou de me botarem para trabalhar perto da figura. No início, tudo normal, burocrático. Mas, então, com o passar dos dias, aconteceu. Eu vi a VERDADE olhando nos seus olhos. Vi o FUTURO, como se vidente fosse. E aquilo abalou o meu sistema nervoso.
Quando isso aconteceu, eu me lembrei que dias antes me chamou para avaliar meu trabalho. Era uma de suas funções. Foi falando, eu fui falando e as pessoas estavam indo embora. Era final de expediente. De repente, só tinha a gente na sala. Terminou de falar e eu também e fui embora. Na rua, acordei: estava dando em cima de mim e queria estender a conversa fora da empresa, talvez sair comigo. Ainda não tinha enlouquecido de AMOR e achei melhor deixar por isso mesmo. Não me arrependo, mesmo depois de cinco anos de dor e vocês vão entender. Se a gente tivesse saído naquela época, talvez o AMOR verdadeiro não tivesse vencido.
Continuamos trabalhando perto por mais um tempo e eu cada vez mais com vontade de chegar junto. Só que eu fui idiota logo que cheguei. Como nunca dei em cima de ninguém no local de trabalho, antes de enlouquecer de AMOR, falei minhas verdades para um espião da chefia. Então a chefia falou com a figura e a figura mudou comigo. Começava a montanha-russa emocional. Não me olhava mais nos olhos, não me cumprimentava mais direito e se mudou para outra seção, bem longe de mim. Tudo obedecendo ordens. Não mandava em si, não mandava no seu coração e nem no seu cérebro
Foi então que me colocaram numa gaiola de laboratório de testes. Me testaram para quase tudo: AMOR, SEXO, VIOLÊNCIA, VÍCIOS. Queriam identificar o meu caráter real. Isso não se testa, se vive. Eu entendi logo e podia ter fingido minhas reações. Não fingi, porque sabia que a figura gostava de mim tanto quanto eu gosto dela.

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Autor: canalexecutivoblog

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