São Paulo – O estudo inédito “Uma Avaliação de ‘Dual Class Shares’ no Brasil”, elaborado por Pedro Matos e divulgado pelo CFA Institute, em parceria com a AMEC (Associação de Investidores no Mercado de Capitais) e a CFA Society Brazil, aponta que as companhias que no Brasil seguem o princípio de “uma ação, um voto” apresentaram melhores retornos sobre o ativo e valor de mercado mais alto que as demais.
O conceito “uma ação, um voto” é uma das principais características do Novo Mercado, que requer que as empresas emitam apenas ações ordinárias (com direito a voto), vedando, para esse segmento, a existência de preferenciais (que normalmente não dão direito a voto). O estudo reafirma, mais uma vez, a importância que a criação desse segmento teve para o mercado de ações no Brasil.
O estudo foi tema de evento com especialistas brasileiros e internacionais na sede da CFA Society Brazil, na Vila Olímpia (SP), no dia 9 de maio. “Concluímos que as empresas que têm uma única classe de ações tiveram melhor performance na última década”, afirma Pedro Matos, autor da pesquisa e professor da Universidade de Virgínia, nos EUA.
Comparando as empresas que seguem o princípio de uma ação, um voto com as demais, as regressões apresentadas estimam um retorno sobre os ativos 6% maior para as primeiras, assim como uma M/B ratio (razão entre o valor de mercado e o valor patrimonial da empresa) até 0.45 maior.
O dados apresentados também reafirmam que as regras que constiuem as exigências para participação no Novo Mercado são importantes para o avanço em governança corporativa, que, no Brasil, ainda estão longe dos padrões de excelência internacionais. Como exemplo, o número de conselheiros independentes em empresas brasileiras é de somente 20%.
Nas palavras de Mauro Rodrigues da Cunha, CEO da AMEC e CFA charterholder: “As regras do Novo Mercado são boas para empresas e investidores porque se refletem no ‘valuation’ e na equidade. Há um desenho propício para o desenvolvimento do mercado de capitais”.
Ana Novaes, membro do comitê de Advocacy da CFA Society Brazil, é fã assumida da regra “uma ação, um voto”, mas observou que o mercado possui demandas diferentes, em contexto diferentes, e que outras estruturas de capital podem atender às necessidades específicas de companhias e investidores.
Ela, que foi diretora da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de 2012 a 2014, avalia que a governança deve sempre evoluir e explicitou a importância para o investidor da transparência e do conhecimento das consequências de diferentes estruturas de capital.